segunda-feira, 16 de abril de 2012

Encerramento Festival - Folha de São Paulo

Previsível, Festival de Curitiba encerra sua 21ª edição


GABRIELA MELLÃO e GUSTAVO FIORATTI
ENVIADOS ESPECIAIS A CURITIBA
09/04/2012 - 09h16

O 21º Festival de Curitiba terminou ontem, com público de 180 mil pessoas. A programação principal reuniu alguns dos espetáculos mais consagrados de 2011 do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Entre eles, destaques do último Prêmio Shell, como "Estamira", de Beatriz Sayad, "O Jardim", da Cia. Hiato, e "Luis Antonio - Gabriela", da Cia. Mungunzá de Teatro.
São obras de qualidade inegável, mas a presença massiva dessas obras na mostra principal põe em questão a própria função de um festival de teatro. Um evento como este, considerado, em números, o maior do país, poderia apresentar experimentos cênicos ainda não revelados por prêmios e pela crítica.
A função de mostrar novos nomes acabou sendo exercida por dois grupos teatrais: o Grupo Galpão e a Cia. Brasileira de Teatro. Ambos idealizaram curadorias que deram algum frescor ao Fringe, a mostra paralela do festival. Em "Teatro Para Ver de Perto", o grupo Galpão apresentou a nova cena de Belo Horizonte. Destacou trabalhos potentes, de perfil intimista, criados por coletivos em início de trajetória.
Foi o caso de "A Mudança", obra da Cia. do Chá inspirada em "A Metamorfose", de Kafka.

MAGILUTH
Na mostra "Na Cia. de (...)", idealizada pela curitibana Cia. Brasileira de Teatro, estiveram alguns dos espetáculos mais interessantes do festival, como "Isso Te Interessa?", montada pela própria companhia, com texto "Bom, Saint-Cloud", da francesa Noëlle Renaude.
Essa mesma mostra deu ao público a oportunidade de conhecer, de uma só vez, a trajetória do Magiluth.
O grupo pernambucano formou repertório com peças que costuram depoimentos de seus atores, como "1 Torto", que tem texto e interpretação de Giordano Castro, encenado com a plateia sobre o palco. Também envolveu o espectador na encenação de "O Canto de Gregório", montagem que trata com irreverência o texto homônimo de Paulo Santoro (encenado por Antunes Filho em 2004).
Por fim, o Magiluth apresentou na grade principal "Aquilo que meu Olhar Guardou para Você", criação coletiva dos integrantes dirigida em parceria com Luiz Fernando Marques, encenador do Grupo XIX de Teatro.
Em outro espaço, ainda no Fringe, a mostra Novos Repertórios mostrou "A Cidade", encenada de maneira simples, quase sem recursos cênicos. A peça, com texto do britânico Martin Crimp, mostra a relação de uma família com uma vizinha neurótica.
Foi uma pérola, no meio de tantos trabalhos imaturos que determinaram uma mostra paralela muito aquém da do ano passado.
Os jornalistas GABRIELA MELLÃO e GUSTAVO FIORATTI viajaram a convite do Festival de Curitiba

Festival - Balanço - O Estado de São Paulo

Cia. Brasileira de Teatro é destaque em Curitiba

por Maria Eugênia de Menezes- 09 de abril de 2012
A grade do Festival de Curitiba deste ano não prometia grandes surpresas. E é exatamente assim que termina essa 21ª edição do evento: com um saldo previsível, sem reviravoltas nem descobertas. A mostra oficial fez algumas boas escolhas, mas nada que fosse suficiente para mudar o seu caráter algo engessado e conservador. Por sua vez, o Fringe, espaço paralelo destinado a experimentações, demonstrou-se acanhado, na contramão daquilo que se viu no ano passado.


Incapaz de revelar ou sublinhar algum talento emergente, essa fatia do evento segurou-se nas obras de alguns poucos nomes já consagrados da cena local. É o caso da Cia. Brasileira de Teatro, responsável pela mais bela obra vista na edição: o espetáculo "Isso Te Interessa?"

Neste ano, a seleção oficial encontrou certo alento ao eleger alguns inventivos trabalhos da safra paulistana recente, entre eles "O Jardim", de Leonardo Moreira, "O Idiota", de Cibele Forjaz, e "Luis Antônio - Gabriela", de Nelson Baskerville. Criações já laureadas em sua cidade de origem, mas não por isso menos potentes. Em um cenário que costuma ser tradicionalmente dominado por medalhões, também serviu como contraste interessante a vivacidade e o frescor do grupo Magiluth. Neste coletivo do Recife, merecem relevo as inquietações do ator no teatro contemporâneo, diluem-se os limites entre realidade e ficção dentro da cena.

Há ainda que se fazer justiça a uma montagem absolutamente notável apresentada nos últimos dias na capital paranaense: "Estamira - Beira do Mundo", espetáculo carioca que ressaltou o talento incomum de Dani Barros. Em um trabalho perfeito de mimese, a atriz reproduz a dicção, o olhar, as palavras da catadora de lixo que serve de tema ao documentário homônimo de Marcos Prado. Seu valor maior, porém, está em não esbarrar no virtuosismo, em abrir fendas ao longo da encenação, para que a intérprete mostre-se para além de sua personagem.

Feitas essas observações, é bom que se ressalve que o evento perpetua-se como aquilo que se propõe ser: uma vitrine do teatro nacional, com especial ênfase em sucessos comerciais e nomes consagrados. Em 2012, ficou evidente a perpetuação de alguns grupos e diretores dentro do festival. Repetições de escolhas de edições anteriores. Uma opção que resulta, não raro, na seleção de obras irrelevantes.

Nesse cenário cristalizado, o Fringe - a mostra paralela do Festival - notabilizou-se nas últimas duas décadas como o lugar de novas experimentações, de transbordamentos para além do programado. Mas também não foi isso que se viu em 2012. Mesmo que a quantidade de espetáculos apresentados tenha se mantido estável, o resultado parece bastante aquém do ano anterior, quando se delineava a emergência de uma safra de novas vozes dentro da cena curitibana.


Entre as exceções, saltam aos olhos a presença de "Para o Vampiro - Variações nº 2", peça consistente da Marcos Damaceno Cia. de Teatro, que escrutina o lugar do artista e seus dilemas atuais. Também se insere aí a Companhia Brasileira de Teatro, que reafirma seu lugar de destaque no panorama nacional. Pelo terceiro ano consecutivo, coube ao grupo do diretor Marcio Abreu apresentar a mais instigante criação do festival. O encenador voltou a surpreender. Agora, com a versão de "Isso Te Interessa?", texto da francesa Noëlle Renaude. A exemplo do que alcançou em suas criações anteriores, Abreu conseguiu legar a seus atores um espaço raro e absolutamente essencial dentro daqueles que parecem ser os rumos das artes cênicas na contemporaneidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Resumo Festival - Gazeta do Povo

Festival consagra Cia. Brasileira

por Helena Carnieri - 08 de abril de 2012

Pelo terceiro ano consecutivo, a Cia. Brasileira de Teatro apresentou uma peça que conquistou os críticos que vêm à cidade acompanhar o Festival de Teatro. Isso Te Interessa? foi a primeira menção de três dos cinco críticos cariocas e paulistas ouvidos pela Gazeta do Povo quando questionados sobre o que mais havia impressionado no evento. Dos outros dois, um já havia visto o espetáculo no Rio, e também gostou muito, e o outro citou a peça De Verdade – também dirigida por Marcio Abreu.
Interessado em fazer um teatro que borre a fronteira entre o ator e seus personagens, minimizando o distanciamento entre a plateia e o palco e criando uma obra de arte viva, o grupo vem aprimorando essa pesquisa a cada trabalho.
Paralela
Fringe cumpre função de vitrine
Uma percepção clara entre jornalistas que cobriram o festival neste ano foi a de que, cada vez mais, a mostra oficial traz os principais espetáculos das temporadas passadas paulista e carioca a Curitiba. Algo ótimo para os locais, que não precisam se deslocar para acompanhar o teatro nacional. Por outro lado, trazer peças já consagradas entraria em choque com o interesse declarado dos organizadores de expor aqui uma vitrine do que há de novo no país.
A “vocação” do evento, de acordo com os analistas especializados, está na mostra paralela, o Fringe, onde a existência de mostras com curadoria vem facilitando a separação do joio do trigo e jogando holofotes para trabalhos novos, com pesquisa aprofundada.
Em 2010, Vida arrebatou público e crítica com uma dramaturgia que casou a obra de Paulo Leminski com conteúdos trazidos pelas biografias dos membros do elenco.
No ano passado, Oxigênio consagrou o nome da companhia curitibana, com texto contemporâneo do russo Ivan Viripaev. Foram destacadas as ótimas atuações de Patrícia Kamis e Rodrigo Bolzan – que agora integra o elenco de Isso Te Interessa?, substituindo Rodrigo Ferrarini.
O trabalho, que estreou em setembro no Teatro Novelas Curitibanas, utiliza uma narração que alterna a primeira e a terceira pessoas, como rubricas desnudas – seguindo o clima do espetáculo, em que os quatro atores têm pouquíssimos adereços sobre a pele nua: um colar, meias, o relógio.
“Não é algo evidente emplacar três peças seguidas... para a gente é uma certeza dos caminhos que temos tomado”, comemora Giovana Soar, integrante da companhia. Ela interpreta a mãe de uma família que transita por quatro gerações e, em atos singelos, revela as pequenas violências e tristezas cotidianas.
Foi o que chamou a atenção da crítica Beth Néspoli, do jornal O Estado de S. Paulo. “Incrível como essa violência delicada, que faz parte da família, pode ser tão cruel”, considera.
Gabriela Mellão, da Folha de S.Paulo, classifica o espetáculo como a “obra-prima do festival”. “Eles radicalizaram sua pesquisa de fazer o teatro nascer no momento em que está sendo feito”, diz. “A qualidade do trabalho dos atores é absolutamente impressionante. Todos [os grupos] estão buscando aquele tipo de presença”, concorda Maria Eugênia de Menezes, de O Estado de S. Paulo.
Mostras
O Homem da Camisa Branca foi outro espetáculo citado por críticos como Daniel Schenker, colaborador do site Questão de Crítica, que também destacou a mostra de grupos de Belo Horizonte.
Com curadoria de Ma­rcio Abreu, a mostra Na Companhia de... também agradou, especialmente por apresentar a Curitiba os pernambucanos do grupo Magiluth, que trouxeram a peça O Canto do Gregório.
Entre as avaliações, sobrou espaço para mais curitibanos, como destaca José Cetra, colaborador do site Dramaturgia Contemporânea. Em Saliva, com direção de Alexandre França, ele diz ter visto a “melhor interpretação” do festival na atuação de Otávio Linhares.

Festival consagra Cia. Brasileira - Festival de Teatro de Curitiba 2012 - Gazeta do Povo

últimas notícias - Folha de São Paulo

Destaque em festival, "Isso te Interessa?" 06/04/2012 - 10h29

http://folha.com/no1072405

"Isso te Interessa?" interessou. O novo espetáculo da Companhia Brasileira de Teatro, uma das mais importantes da cena teatral do país, foi o grande destaque do 21º Festival de Curitiba, dentro da mostra paralela Fringe.
Trata-se de uma adaptação de "Bon, Saint-Cloud", texto inédito da francesa Noëlle Renaude. Saint-Cloud é uma espécie de subúrbio burguês parisiense, no qual os franceses costumam passar finais de semana.
Para os integrantes da família retratada em cena, é um ideal de felicidade que permanece um sonho distante.
É por inércia e não por falta de tempo que a viagem a Saint-Cloud é constantemente desprogramada. Muito pouco se passa no cotidiano desse clã, além de o personagem Pai fumar, de a Mãe puxar os cabelos, de a Filha coçar os olhos e de o Filho brincar com o cachorro.
Renaude apresenta esses fatos de forma repetitiva. As reincidências enfatizam a estagnação dessas vidas e revelam a passagem do tempo. O pai morre, os filhos viram pais, mas nada muda.

Lenise Pinheiro/Folhapress
Atores Ranieri Gonzalez (esq.), Rodrigo Ferrarini, Giovana Soar e Nadja Naira, na peça "Isso Te Interessa?"
Atores Ranieri Gonzalez (esq.), Rodrigo Ferrarini, Giovana Soar e Nadja Naira, na peça "Isso Te Interessa?"

A transformação acontece nos objetos, e não nas pessoas. As luminárias da casa se deslocam, assim como a mesa da cozinha, mas a imobilidade humana se conserva.
Escrito na forma de uma poesia cênica, o texto não diferencia fala e ação.
O figurino expõe a crueza do clã. Os atores estão nus. Usam apenas sapatos e alguns adereços que ajudam a caracterizá-los.
O diretor Marcio Abreu age como coautor da obra ao definir pequenas ações dramáticas no meio de seu fluxo narrativo. "Como dar carne a uma peça tão aberta foi uma questão. Tratei-a como massa e fui moldando sua forma", conta Abreu.
Num trânsito constante, os atores entram e saem de seus papeis, experimentando diferentes registros de representação e distanciamento.
"Eles não encarnam personagens, são vozes sugestivas que criam uma ideia de família", afirma.
A jornalista GABRIELA MELLÃO viajou a convite do Festival de Curitiba

domingo, 8 de abril de 2012

domingo, 1 de abril de 2012

Isso te interessa?

Estreia hoje e vai até o dia 03 de abril a peça Isso te interessa? da companhia brasileira de teatro no Teatro HSBC. os ingressos estão acabando corra e garanta o seu.
Informações:http://festivaldecuritiba.com.br/espetaculos/ver/548/Fringe/Drama/Isso_Te_Interessa