segunda-feira, 16 de abril de 2012

Resumo Festival - Gazeta do Povo

Festival consagra Cia. Brasileira

por Helena Carnieri - 08 de abril de 2012

Pelo terceiro ano consecutivo, a Cia. Brasileira de Teatro apresentou uma peça que conquistou os críticos que vêm à cidade acompanhar o Festival de Teatro. Isso Te Interessa? foi a primeira menção de três dos cinco críticos cariocas e paulistas ouvidos pela Gazeta do Povo quando questionados sobre o que mais havia impressionado no evento. Dos outros dois, um já havia visto o espetáculo no Rio, e também gostou muito, e o outro citou a peça De Verdade – também dirigida por Marcio Abreu.
Interessado em fazer um teatro que borre a fronteira entre o ator e seus personagens, minimizando o distanciamento entre a plateia e o palco e criando uma obra de arte viva, o grupo vem aprimorando essa pesquisa a cada trabalho.
Paralela
Fringe cumpre função de vitrine
Uma percepção clara entre jornalistas que cobriram o festival neste ano foi a de que, cada vez mais, a mostra oficial traz os principais espetáculos das temporadas passadas paulista e carioca a Curitiba. Algo ótimo para os locais, que não precisam se deslocar para acompanhar o teatro nacional. Por outro lado, trazer peças já consagradas entraria em choque com o interesse declarado dos organizadores de expor aqui uma vitrine do que há de novo no país.
A “vocação” do evento, de acordo com os analistas especializados, está na mostra paralela, o Fringe, onde a existência de mostras com curadoria vem facilitando a separação do joio do trigo e jogando holofotes para trabalhos novos, com pesquisa aprofundada.
Em 2010, Vida arrebatou público e crítica com uma dramaturgia que casou a obra de Paulo Leminski com conteúdos trazidos pelas biografias dos membros do elenco.
No ano passado, Oxigênio consagrou o nome da companhia curitibana, com texto contemporâneo do russo Ivan Viripaev. Foram destacadas as ótimas atuações de Patrícia Kamis e Rodrigo Bolzan – que agora integra o elenco de Isso Te Interessa?, substituindo Rodrigo Ferrarini.
O trabalho, que estreou em setembro no Teatro Novelas Curitibanas, utiliza uma narração que alterna a primeira e a terceira pessoas, como rubricas desnudas – seguindo o clima do espetáculo, em que os quatro atores têm pouquíssimos adereços sobre a pele nua: um colar, meias, o relógio.
“Não é algo evidente emplacar três peças seguidas... para a gente é uma certeza dos caminhos que temos tomado”, comemora Giovana Soar, integrante da companhia. Ela interpreta a mãe de uma família que transita por quatro gerações e, em atos singelos, revela as pequenas violências e tristezas cotidianas.
Foi o que chamou a atenção da crítica Beth Néspoli, do jornal O Estado de S. Paulo. “Incrível como essa violência delicada, que faz parte da família, pode ser tão cruel”, considera.
Gabriela Mellão, da Folha de S.Paulo, classifica o espetáculo como a “obra-prima do festival”. “Eles radicalizaram sua pesquisa de fazer o teatro nascer no momento em que está sendo feito”, diz. “A qualidade do trabalho dos atores é absolutamente impressionante. Todos [os grupos] estão buscando aquele tipo de presença”, concorda Maria Eugênia de Menezes, de O Estado de S. Paulo.
Mostras
O Homem da Camisa Branca foi outro espetáculo citado por críticos como Daniel Schenker, colaborador do site Questão de Crítica, que também destacou a mostra de grupos de Belo Horizonte.
Com curadoria de Ma­rcio Abreu, a mostra Na Companhia de... também agradou, especialmente por apresentar a Curitiba os pernambucanos do grupo Magiluth, que trouxeram a peça O Canto do Gregório.
Entre as avaliações, sobrou espaço para mais curitibanos, como destaca José Cetra, colaborador do site Dramaturgia Contemporânea. Em Saliva, com direção de Alexandre França, ele diz ter visto a “melhor interpretação” do festival na atuação de Otávio Linhares.

Festival consagra Cia. Brasileira - Festival de Teatro de Curitiba 2012 - Gazeta do Povo

Nenhum comentário:

Postar um comentário