segunda-feira, 16 de abril de 2012

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Destaque em festival, "Isso te Interessa?" 06/04/2012 - 10h29

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"Isso te Interessa?" interessou. O novo espetáculo da Companhia Brasileira de Teatro, uma das mais importantes da cena teatral do país, foi o grande destaque do 21º Festival de Curitiba, dentro da mostra paralela Fringe.
Trata-se de uma adaptação de "Bon, Saint-Cloud", texto inédito da francesa Noëlle Renaude. Saint-Cloud é uma espécie de subúrbio burguês parisiense, no qual os franceses costumam passar finais de semana.
Para os integrantes da família retratada em cena, é um ideal de felicidade que permanece um sonho distante.
É por inércia e não por falta de tempo que a viagem a Saint-Cloud é constantemente desprogramada. Muito pouco se passa no cotidiano desse clã, além de o personagem Pai fumar, de a Mãe puxar os cabelos, de a Filha coçar os olhos e de o Filho brincar com o cachorro.
Renaude apresenta esses fatos de forma repetitiva. As reincidências enfatizam a estagnação dessas vidas e revelam a passagem do tempo. O pai morre, os filhos viram pais, mas nada muda.

Lenise Pinheiro/Folhapress
Atores Ranieri Gonzalez (esq.), Rodrigo Ferrarini, Giovana Soar e Nadja Naira, na peça "Isso Te Interessa?"
Atores Ranieri Gonzalez (esq.), Rodrigo Ferrarini, Giovana Soar e Nadja Naira, na peça "Isso Te Interessa?"

A transformação acontece nos objetos, e não nas pessoas. As luminárias da casa se deslocam, assim como a mesa da cozinha, mas a imobilidade humana se conserva.
Escrito na forma de uma poesia cênica, o texto não diferencia fala e ação.
O figurino expõe a crueza do clã. Os atores estão nus. Usam apenas sapatos e alguns adereços que ajudam a caracterizá-los.
O diretor Marcio Abreu age como coautor da obra ao definir pequenas ações dramáticas no meio de seu fluxo narrativo. "Como dar carne a uma peça tão aberta foi uma questão. Tratei-a como massa e fui moldando sua forma", conta Abreu.
Num trânsito constante, os atores entram e saem de seus papeis, experimentando diferentes registros de representação e distanciamento.
"Eles não encarnam personagens, são vozes sugestivas que criam uma ideia de família", afirma.
A jornalista GABRIELA MELLÃO viajou a convite do Festival de Curitiba

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